Dieta mediterranea

É considerada uma das dietas mais saudáveis do mundo. E Portugal sempre foi um dos seus principais representantes. Mas com a industrialização e a globalização, acabámos por trocar uma salada temperada com azeite, por um cheeseburguer gorduroso.
            A dieta mediterrânica refere-se a um conjunto de tradições alimentares de países ao longo da bacia do mediterrânico, como Espanha, Itália e Grécia. Portugal, embora não seja banhado por este mar, inclui-se nesta lista pela proximidade de factores como o clima, a cultura, a geografia e a agricultura. Na verdade muitos nutricionistas defendem mesmo o uso do plural – dietas mediterrânicas – para se ter em conta as pequenas adaptações feitas por cada país ao longo do Mar Mediterrânico. Mas existem, na prática, imensos pontos em comum. E a verdade é que por cá há muito que temos todos os "ingredientes" que compõem esta dieta.

            Uma dieta de excelência
            Entre diversas características, destaca-se na dieta mediterrânica o uso de azeite como principal gordura, ao invés de manteigas e margarinas. Pães e cereais, peixe, carnes brancas frango ou perú e um consumo muito moderado de carnes vermelhos e de produtos lácteos são outras características, tal como a utilização de condimentos que dão sabor à comida, ao invés de um uso abusivo de sal.
            Mas esta dieta contempla também uma quantidade generosa de frutos, vegetais e frutos secos e ainda um consumo moderado de vinho tinto, um antioxidante natural, que ajuda também a evitar a coagulação do sangue. O facto dos alimentos serem frequentemente cozidos ou grelhados, ao invés de fritos, é outra das principais características, que ajudam a manter esta dieta saudável.
            Ana Carolina Soares, nutricionista, especifica que esta dieta se associa preferencialmente à prevenção de doenças cardiovasculares, pela qualidade do tipo de gorduras, como é o caso do azeite, "uma gordura moninsaturada", mas também nos peixes "onde vamos buscar gorduras de qualidade, principalmente ácidos gordos essenciais e ómega 3".
            Esta combinação resulta num regime que consegue ser bastante rico em fibras, gorduras monoinsaturadas (que ajudam a reduzir o chamado "mau" colesterol, mas também em proteínas de origem vegetal, hidratos de carbono, vitaminas e minerais. Por outro lado é um regime bastante moderado no que concerne a proteínas animais e gorduras saturadas. É por todas estas razões que a dieta mediterrânica se consagrou como uma dieta ótima na prevenção de doenças cardiovasculares e até em cancros que podem ser potenciados por uma má dieta.
            Mas acima de tudo a dieta mediterrânica destaca-se pelos seus pratos saborosos, aromáticos, imaginativos e até bastante coloridos. Mas se é um regalo tanto para a vista como para o paladar, e praticamente todos os alimentos que a compõem estarem à nossa disposição sem necessidade de o país os importar, por que razão acabámos por nos afastar de hábitos que, segundo a nutricionista Paula Veloso, num artigo não por acaso intitulado "a dieta mais saudável do mundo", terá já cerca de três mil anos de prática?
            As rotinas que nos tiram tempo livre, a facilidade de escolher uma refeição rápida, pré-cozinhada, e a perda de uma certa cultura gastronómica em detrimento de um certo facilitismo, acabaram por fazer com que esta dieta perdesse a sua força entre nós. Mas o desafio não é assim tão impossível quanto possa parecer à primeira vista. Basta pensar que o paladar humano é capaz de saber apreciar uma quantidade de saberes incrível, que vai muito além da dicotomia entre doces e salgados.
            Num país com vinho, azeite e produtos hortícolas de qualidade, e que ainda para mais se encontra perante o desafio de uma crise socioeconómica, não seria má ideia apostar numa alimentação que, além de ser saudável, é também muito nossa. É tudo uma questão de vontade.

Fontes:
 Ana Carolina Soares, nutricionista
 "A dieta mais saudável do mundo", Paula Veloso, in Portal da Educação
 Manual Merck

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